quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O peixinho atrás do carro



Era Domingo. Fechou a porta de casa. No chaveiro, “Jesus te ama”. Chegou à igreja no carro que tinha um peixinho na traseira. Trazia a Bíblia debaixo do braço. Cumprimentou o recepcionista: “A Paz, varão valoroso, vaso de honra na casa de Jeová”.

A religião impõe comportamentos, rótulos, princípios morais e éticos, modos de pensar e fazer. Muitas vezes simplesmente imitamos o que fazem as outras pessoas que compartilham a mesma fé que nós. Falamos como elas, nos portamos como elas. Não há nada de errado em ter um peixinho atrás do carro. Não mesmo. O que está errado é achar que ter um peixinho atrás do carro te faz um cristão, ou te faz diferente daquelas pessoas que não são.

Quando Paulo disse “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”, ele não estava dizendo “me imitem em tudo”. Ele estava dizendo: ”Olha, eu imito a Cristo, imitem-no também. Me imitem no fato de eu imitar a Jesus, sou um imitador de Cristo, seja um também!”

Ser cristão não é se enquadrar em uma série de rótulos, se vestir de determinada forma, falar jargões da boca pra fora sem saber o que essas palavras significam. Ser Cristão é amar quando ninguém ama, é amparar quando todos condenam, é ter palavras de esperança quando todos pensam que não há mais jeito. Ser cristão é ser imitador de Cristo. É resplandecer os valores e idéias que Cristo nos transmite.

Fim do culto. Ele pegou sua Bíblia, entrou no carro que tinha o peixinho atrás. Chegou em casa, pegou o chaveiro com os dizeres “Jesus te ama”. Falava como um “cristão”. Se vestia como “cristão”. Ia à igreja, como um “cristão”. Mas será que era realmente um?



“PORQUE O REINO DE DEUS NÃO VEM COM APARÊNCIA EXTERNA”- Lucas 17:20

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A contracultura cristã



"É impossível um cristão sincero não simpatizar com manifestações contraculturais" Ricardo Almeida


Um movimento de contracultura propõe novas maneiras de pensar, sentir e agir, tenta erigir um universo com regras e valores próprios. A contracultura desmistifica os pensamentos, métodos, valores e condutas hegemônicas, socialmente estabelecidas, e constrói pensamentos, métodos, valores e condutas alternativas.
Por incrível que pareça, o cristão deveria endossar mais as práticas contraculturais do que as socialmente constituídas. Deveria se guiar menos por construções mentais humanas, modos de proceder, práticas religiosas ou modos de operação que são produtos de valores humanos. Em um mundo onde o individualismo é estimulado, onde o ego das pessoas precisa ser massageado, onde a ignorância de muitos é bom negócio para poucos, onde o “ter” vale mais do que o “ser”, onde só há justiça quando há conveniência, e onde o conformismo é regra e imposição, o cristianismo deveria ser a alternativa para quem está cansado de tudo isso. Palavras de John Stott:

“De um certo modo, os cristãos consideram esta busca de uma cultura alternativa um dos mais promissores, e até mesmo excitantes, sinais dos tempos. Pois reconhecemos nisso a atividade do Espírito, o qual, antes de confortar, perturba; e sabemos a quem a busca deles conduzirá, se quiserem encontrar a resposta. Na verdade, é significativo que Theodore Roszak, encontrando dificuldade para expressar a realidade que a juventude contemporânea procura, alienada como está pela insistência dos cientistas quanto à'objetividade', sente-se obrigado a recorrer às palavras de Jesus: 'Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?'
Mas, ao lado da esperança que esta disposição de protesto e busca inspira aos cristãos, há também (ou deveria haver) um sentimento de vergonha. Pois, se a juventude de hoje está à procura das coisas certas(significado, paz, amor, realidade), ela as tem procurado nos lugares errados. O primeiro lugar onde deveriam procurar é um lugar que normalmente ignoram, isto é, a Igreja. Pois, com demasiada freqüência, o que vêem nas igrejas não é a contracultura, mas o conformismo; não uma nova sociedade que concretiza seus ideais, mas uma versão da velha sociedade a que renunciaram; não a vida, mas a morte. Prontamente endossariam o que Jesus disse de uma igreja do primeiro século: 'Tens nome de que vives, e estás morto'


Há muito tempo atrás, disse também um certo Apóstolo Paulo:

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento..” Romanos 12:2

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Quando a comodidade se torna um incômodo


"Se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo" - C.S.Lewis

Domingo, ele foi à igreja. Escutou os avisos, louvou, ouviu a palavra, confraternizou e foi para casa. Na semana seguinte, domingo, ele foi à igreja, escutou os avisos, adorou, ouviu a palavra, confraternizou e foi para a casa. Domingo de novo, ele foi à igreja, escutou avisos, adorou, ouviu a palavra, confraternizou e voltou para casa.

Mas no fundo, aquele jovem estava incomodado. Sentia que deveria fazer mais, muito mais. Com o tempo, notara que o ser cristão estava menos entre os avisos e a confraternização, e mais no trajeto entre sua casa e a igreja.

Percebera que ir à igreja faz parte e é necessário, porém, não pode jamais ser o tudo. Caiu em si e percebeu que se tornara um mero religioso, mecanizado, automatizado e robotizado.

Lembrou-se que o Evangelho retratado na Bíblia muitas vezes nada tinha a ver com o Evangelho que vivia. Lembrou-se de Nicodemos, conhecedor exímio das práticas religiosas, mas incapaz de entender a Cristo. Imediatamente identificou-se.

Constatou que seria cômodo continuar indo à igreja, escutar os avisos, louvar, ouvir a palavra, confraternizar e ir para a casa. Mas essa comodidade acabou transformando-se no incômodo que corroía sua mente e seu coração. A comodidade acabou gerando o sentimento oposto: acabou transformando-se em incômodo.

Sentiu-se incomodado por não ter se incomodado antes. Incomodou-se por ter ficado tanto tempo acomodado.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Quando uma vida vale mais que dois mil porcos



Uma grande manada de porcos estava pastando numa colina próxima. Os demônios imploraram a Jesus: "Manda-nos para os porcos, para que entremos neles". Ele lhes deu permissão, e os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos. A manada de cerca de dois mil porcos atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e nele se afogou. Os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos, e o povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram ali o homem que fora possesso da legião de demônios, assentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo.Os que o tinham visto contaram ao povo o que acontecera ao endemoninhado, e falaram também sobre os porcos.
Então o povo começou a suplicar a Jesus que saísse do território deles. Marcos 5:11-17


Uma das características de Cristo que mais me chamam atenção é o modo como Ele quebrava paradigmas, como Ele jogava para o alto os valores, conceitos e idéias da sociedade daquela época e instituía valores e condutas até então totalmente inaceitáveis e inimagináveis.

Sim, Cristo, antes de ser crucificado, crucificou paradigmas: deixava-se ungir por prostitutas, tocava leprosos, falava com mulheres samaritanas, dava atenção às crianças quando elas eram vistas como estorvo, jantava com publicanos e pecadores. Cristo, com o seu modo de agir, implodiu preconceitos e erigiu conceitos. Ensinou a amar os inimigos quando amar apenas os amigos era o convencional; ensinou a oferecer a outra face em vez de revidar uma agressão; ensinou que servir vale mais do que ordenar...

Não posso deixar de falar da fatídica passsagem do homem possesso por espíritos imundos e a manada de porcos. Por algum tempo fiquei pensando sem entender o real motivo pelo qual Jesus permitira que os demônios entrassem nos porcos. Ele poderia ter expulsado os demônios e mandado-os para longe dali. Mas com o consentimento de Cristo, os demônios foram para os porcos, que imediatamente precipitaram-se no abismo.

A passagem mostra que os porqueiros fugiram, e logo voltaram com mais pessoas. Talvez queriam linchar aquele homem que acabara de arruinar o meio pelo qual tiravam seu sustento (ainda que não se alimentassem dos porcos, os porcos possuíam valor e eram considerados como bens, caso contrário aqueles homens não se dedicariam a cuidar daquela manada). Acabaram por apenas expulsar Jesus dali.

Mais uma vez Cristo estava tratando de desconstruir valores e idéias: a libertação daquele homem que há tempos sofria com aquela situação importava mais do que os lucros, do que os bens materiais daqueles porqueiros. Em uma sociedade na qual muitas vezes as coisas são mais valorizadas que as pessoas, que o TER vale mais que o SER, Cristo estava mostrando que o SER vale mais que o TER: Cristo demonstrava ali que uma vida vale mais que dois mil porcos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quando o amor esfria






Isso não é problema meu. Isso é problema do Estado, do governo, dos políticos. Já pago meus impostos, até dou dízimo para a igreja realizar trabalho social. Faço minha parte. Não tenho nada a ver com isso.

Que culpa tenho eu se tem gente passando fome, necessidade? Tem gente sem teto para morar, eu sei. Tem gente que não tem roupa para vestir. Mas eu já fiz minha parte. Aliás, o que eu posso fazer? Não sou ONG, não sou político. Está escrito bolsa-família na minha testa?

Aliás, eu até oro por essas pessoas. Está aí minha contribuição. Olha, eu sei que na igreja primitiva as pessoas repartiam seus bens, de modo a minimizar a necessidade dos desprovidos. Mas aquela época era diferente, né? São épocas diferentes.

Eu também sei que Jesus, antes de qualquer coisa, procurava satisfazer as necessidades das pessoas com as quais encontrava. Transformou água em vinho, alimentou multidões, curou enfermos. Mas Jesus é Jesus, né? Quem sou eu para transformar a vida dos que me cercam? Cristo fazia isso porque ele é Deus. Eu jamais conseguirei fazer a vida de alguém um pouco melhor, como Jesus sempre fazia.

O que eu estou querendo dizer é que eu não posso fazer nada, você não entende? Agostinho disse: “Aquele que sente fome precisa ser alimentado, e não ensinado”. Até parece. É por isso que tem tanto vagabundo aí vivendo de favor, sem correr atrás do pão de cada dia, esperando que caia maná do céu, ou que o bolsa família pingue na sua conta-salário.

Caminhando pelas ruas, vejo pessoas enroladas em trapos descansando debaixo de marquises. Eu acabei me acostumando com isso. Vejo isso todo dia, Isso é normal, né? Toda vez que saio de casa vejo isso. Isso faz parte do mundo. Não era para ser assim, mas infelizmente é. Culpa de Adão e Eva! Aliás, já diria o Apóstolo Paulo: “Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, nós somos os mais infelizes de todos os homens”. Essa vida é cruel, é má mesmo. Não posso fazer muita coisa por essas pessoas aqui. Resta-me torcer para que eles encontrem a Cristo e tenham esperança de uma vida eterna.

Você me pergunta se sou cristão? Claro que sou, como eu disse até dízimo eu dou! Dou oferta, vou à igreja todo domingo! Tenho até um "peixinho" colado atrás do meu carro! Sou uma pessoa muito boa: até dei umas roupas velhas, rasgadas e que não prestavam mais pra uso à um pedinte que tocou a campainha lá de casa.

Me sinto confortável, pois eu tenho feito aquilo que dá para eu fazer. Não posso fazer mais nada! C.S. Lewis estava delirando quando disse “se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo”. Pois eu aconselho a todos o cristianismo: Deus me deu carro do ano, me deu um sítio, os meus celeiros estão fartos, minha vida vai muito bem, obrigado. Aliás, obrigado Jesus. Obrigado por fazer da MINHA vida muito melhor.


“E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.”- palavras de Jesus, em Mateus 24:12


INIQUIDADE = GRAVE INJUSTIÇA : leio como desigualdade

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Teu problema é o meu problema


Romanos 15: 1-3
Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.
Cada um de nós deve agradar ao seu próximo para o bem dele, a fim de edificá-lo.
Pois também Cristo não agradou a si próprio, mas, como está escrito: "Os insultos daqueles que te insultam caíram sobre mim".


Se tem algo na Bíblia que é bastante claro, é em relação ao zelo com as outras pessoas e o cuidado com o próximo. Devemos amar o próximo como a nós mesmos. E isso inclui assumir responsabilidades ou problemas que não seriam nossos se não fossemos cristãos.
Esses dias fiquei embasbacado com a frieza de certas pessoas ao tratarem sobre a fraqueza alheia. Conversávamos sobre alguém cuja fraqueza era a sensualidade feminina. Surpreendentemente (ou não), alguém se levantou e disse: "Me desculpa, mas isso aí é problema dele, a culpa é só dele, nós mulheres nada temos a ver com isso".

De fato, o problema talvez não esteja nas roupas que as mulheres têm usado, e sim na dificuldade desse irmão em lidar com isso. MAS ISSO NÃO EXCLUI, DE FORMA NENHUMA, O DEVER DO CRISTÃO EM CONTRIBUIR PARA QUE O IRMÃO SUPERE ESSA FRAQUEZA.

Se você é cristão, você tem a ver com isso sim, sendo mulher ou homem, vestindo-se de forma comportada ou não. Suportar a fraqueza dos outros é necessário. Aliás, as vezes não apenas suportar, mas tomá-las como sendo nossas.

Não estou dizendo aqui nesse caso relatado que a solução seria as mulheres andarem cobertas, de saião ou como as muçulmanas. Já disse que o problema não está nas roupas. O problema todo está em dizer "esse problema não é meu" e ainda escarnecer da situação.
O problema nesse episódio, para mim, foi a falta de amor e compaixão dessa mulher em relação à fraqueza de alguém. Se não iria ajudar em nada, deveria ficar calada. Deveria, NO MÍNIMO, suportar.

"Os insultos daqueles que te insultam caíram sobre mim". Interpreto como "O TEU PROBLEMA É O MEU PROBLEMA". Nem que seja só para entender que o que não é problema para mim, pode ser para alguém. Nem que seja para ao menos, suportar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Força na fraqueza????

II CORINTIOS 12: 9-10
"E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade pois me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então sou forte."


Nosso Deus é tão tremendo que derruba conceitos humanos, Deus é tão surpreendente que desmantela idéias e valores humanos e institui a verdadeira sabedoria, que vem dEle: para uma pessoa carnal, as adversidades e os momentos não tão bons significam fraqueza, desespero, angústia, dias sem prazer. Mas para a pessoa que enxerga as situações com olhos espirituais, que se importa com as coisas que vêm de cima, os momentos ruins e atribulados são verdadeiramente aqueles momentos em que mais somos fortalecidos.

Partindo então da premissa de que ninguém nasce forte, e se é nas tribulações que somos fortalecidos, logo, necessário é que passemos por esses momentos, para que possamos crescer e nos fortalecer. Uma semente, para crescer, tem que enfrentar a terra e rompê-la. Após despontar da terra, tem que enfrentar as intempéries do dia-a-dia. Chuva, sol, vento, sol, vento, chuva, vento, chuva, sol... Mas isso é necessário para que ela cresça e dê seus frutos no futuro.


Que ao passar pelos momentos dificeis da vida, possamos nos lembrar que eles irão passar, e que quando sairmos deles, sairemos fortalecidos.
E que possamos nos lembrar com esperança e alegria de que haverá um dia para tocar as marcas que nos resgataram de uma vida miserável e de vergonha. Haverá um dia em que não haverá mais lágrima, dor e medo. Haverá um dia no qual veremos Jesus face a face, o mesmo Jesus que acalmou a tempestade quando dormia em um barco, o mesmo Jesus que nos ajuda a vencer as nossas várias tempestades nessa vida terrena e que nos fortalece em cada uma delas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Evangelho meme

Espero que gostem!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Os racionais frequentadores religiosos de bares



São 18:00, fim do expediente. Vamos para o bar? Afinal, o dia hoje foi estressante. Mereço uma colher de chá. Ou melhor, um canecão de chopp. Lá eu me sinto melhor. Lá eu esqueço da crueldade do mundo, das desilusões da vida, daquela decepção ou daquele problema do qual não sei como me livrar.

Lá eu posso me libertar. Pelo menos enquanto eu ali estiver. O problema é quando o garçom diz para eu pedir a “saídeira” alegando que está na hora de fechar. Penso que daqui a 15 minutos, terei que enfrentar a realidade que me espera lá fora. Logo relembro da crueldade do mundo, das desilusões da vida, daquela decepção amorosa e daquele problema do qual não sei como me livrar.

Ah, o bar. Se ele me traz liberdade, por que volta e meia tenho que nele retornar? Por que minha felicidade está atrelada a ele? Por que preciso de um fim de semana para me sentir livre? Me sinto temporariamente livre, mas se analisar de forma racional, me encontro em uma cadeia rotineira que dá uma falsa sensação de liberdade. Preciso de explicações.

Por mais incrédulo que eu seja, preciso de um refúgio para agüentar. Se não é na religião, que seja nos dogmas racionais da ciência. Só que ritos religiosos não podem me trazer liberdade. O homem de vermelho estava certo quando disse que eles eram o ópio do povo. Mas a racionalidade da ciência também não me torna livre. Afinal, os racionais frequentadores religiosos de bares continuam necessitando de refúgio e de uma forma de escapar.

Quero uma liberdade de verdade, e não ser escravo de uma sensação falsa de escapismo. Não quero ser preso por teorias alienantes, ou por práticas (religiosas ou não) vazias. Preciso da liberdade que acima de tudo traga liberdade de verdade.
E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. É, encontrei a liberdade que eu precisava. Ainda que o mundo continue cruel, ainda que haja desilusões, decepções, ainda que haja problemas dos quais não sei como me livrar. Não preciso escapar dessas coisas, tenho que conviver com elas. Pelo menos agora eu sou livre de verdade. Não preciso mais atrelar minha felicidade à uma mesa de bar. Não preciso buscar explicações na ciência ou me alienar em práticas religiosas que não me conduzem à verdade. Ah, o bar...passo em frente, olho para dentro e vejo tantas pessoas querendo ser livres...

Se pois, o Filho os libertar, verdadeiramente serão livres. João 8:36

domingo, 26 de junho de 2011

O exemplo de João Batista



"Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me." Mateus 19:21



Jesus falava de si mesmo e das coisas de Deus sem fazer demagogia. Dizia a verdade, sem iludir ou falar o que as pessoas queriam ouvir, Ele dizia o que elas precisavam ouvir, sendo isso agradável ou não. Não por um acaso o jovem rico saiu decepcionado quando ouviu da boca de Jesus que deveria largar tudo o que possuía: Cristo não atraía as pessoas pelo que elas queriam escutar, Cristo queria atraí-las falando aquilo que elas precisavam ouvir.

Cristo jamais preocupou-se em agradar os seus ouvintes. Não por um acaso Ele parece ter aprovado o método utilizado por um errante vestido de pele de camelos e que se alimentava de mel e gafanhotos. Afinal, João Batista não fazia propaganda enganosa: não prometia mundos e fundos, não deturpava o Reino de Deus e o principal- o anunciava com sinceridade, não possuindo outro interesse senão o de proclamar o Salvador. João Batista simplesmente falava a verdade, independente dessa verdade ser agradável ou não de ser escutada.

Não posso deixar de pensar como Cristo tem sido anunciado nos dias de hoje. O Evangelho parece ter virado um site de compras coletivas, que é a tendência de marketing utilizada atualmente por empresas que querem atrair novos clientes. Vende-se bênçãos! Vende-se vitórias! Vende-se sucesso! Vende-se espantalho de devorador! Vamos falar apenas o que é atrativo, vamos falar apenas aquilo o que as pessoas querem escutar! O importante é conseguir novos membros, o importante é conseguir novos dizimistas, o importante é falar a parte do Evangelho que elas querem ouvir!

Pra que falar que é necessário que cada um tome a sua cruz para seguir Jesus, se eu posso dizer que o fardo de Cristo é leve? Por que falar em morrer para mim mesmo, se eu posso falar que Cristo veio para que eu tenha vida em abundância? Ora, afinal, tudo isso está na Bíblia...não estou falando mentira nenhuma!
RAÇA DE VÍBORAS! PRODUZI POIS, FRUTOS DIGNOS DE ARREPENDIMENTO!

Pregar apenas a parte agradável do Evangelho é como pregar uma meia verdade. E toda meia verdade pode acabar virando uma mentira inteira. Reduzir Cristo à uma perspectiva apenas para essa vida É OMITIR O PRINCIPAL MOTIVO PELO QUAL ELE VEIO E MORREU POR NÓS: nos dar a vida eterna, ainda que soframos, ainda que a vida terrena seja árdua ou ainda que percamos o mundo inteiro. Cristo pode fazer muito por nós nessa vida, isso é bíblico e é verdade. Mas no momento em que a vida terrena passa a ser o foco, na medida em que o bem estar do indivíduo passa a ser o centro do Evangelho, a mensagem da vida eterna passa a ser secundária, logo esse Evangelho passa a ser deturpado.

Cristo não quer ser anunciado como canal de bênçãos APENAS para essa vida. Cristo quer, acima de tudo, nos dar uma perspectiva de vida eterna. Ainda que coisas dêem errado, ainda que não saiam da forma com que nós planejamos, ainda tenhamos que tropeçar muitas vezes, ainda tenhamos que escutar e fazer coisas que não nos agradam por causa do Evangelho. Que seja feita a Tua vontade, e não a nossa. Que ao falar de Cristo, sejamos como João Batista. Que falemos aquilo o que as pessoas têm que escutar, e não apenas aquilo que é mais atrativo e agradável de ouvir. Ainda que, por conta disso, nos sintamos como uma voz sozinha que clama no deserto.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Visitante ou morador?



"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” Apocalipse 3:20


A imagem é nítida na minha imaginação. Há alguém querendo entrar em uma casa. Existem pois, duas formas de alguém entrar em uma casa: com o consentimento do dono da casa, ou sem a permissão do mesmo; nesse caso, teremos um invasor, como um ladrão por exemplo, naquele, teremos alguém que é convidado a entrar, que entra com o aval do dono da casa.

Considerando que nessa passagem alguém está batendo à porta, e que essa pessoa não está calada (uma vez que existe a possibilidade de alguém que está na casa ouça a sua voz), logo, descartamos a hipótese do ladrão ou do invasor. Se a pessoa descrita nessa situação quisesse invadir esta casa, ela não bateria na porta, muito menos chamaria pelo dono. Ela simplesmente entraria. O que não é o caso.

Excluída a hipótese do ladrão, sobra a hipótese da entrada na casa com o consentimento do dono. Uma pessoa que entra na casa de alguém com seu consentimento, pode entrar e ficar ali de forma temporária, ou pode entrar ali para se estabelecer de forma definitiva. Na primeira, teremos então um visitante; na segunda opção, teremos um novo morador. Logo, podemos concluir que uma pessoa que entra em uma casa com a permissão do dono ou é um visitante ou é um morador.

Existem diferenças claras em relação ao comportamento de um visitante e de um morador. O morador está ali de forma definitiva, o visitante está de forma temporária. Um morador tem acesso a todos os cômodos da residência, o visitante geralmente não. Um morador participa das tarefas domésticas da casa, um visitante não. O morador tem mais liberdade para fazer o que quer dentro de sua casa do que o visitante, já que dificilmente veremos um visitante se deitando no sofá da sala ou abrindo a geladeira de uma casa que não seja a sua.

O que estou querendo dizer com essas coisas? Muitas vezes, deixamos Cristo entrar em nossas vidas, porém o tratamos como mero visitante, não como morador. Muitas vezes não deixamos que Ele visite todos os cômodos de nossa casa, não deixamos que Ele atue em todas áreas de nossas vidas: “Olha Jesus, da minha vida espiritual, da minha família, e do meu trabalho Você cuida, mas dos meus relacionamentos? Dos meus relacionamentos cuido eu, eu que sei o que é melhor para mim nessa área!” Infelizmente muitas vezes Cristo está em nossas vidas, mas não damos à Ele acesso à todas as áreas em que Ele quer e pode atuar. Infelizmente muitas vezes tratamos Cristo como visitante.

Um visitante dificilmente participa das tarefas domésticas da casa. Quem é que deixa uma visita lavar o banheiro, lavar a louça suja ou varrer o chão? O visitante não participa dos afazeres domésticos. Muitas vezes agimos assim em nossa caminhada cristã. Queremos organizar as nossas vidas, limpar as nossas impurezas e corrigir os nossos defeitos sem deixar que Cristo nos ajude nessa tarefa. Muitas vezes esquecemos que é mais fácil arrumar a casa contando com a ajuda de alguém do que sozinho, afinal, as tarefas são divididas, o esforço é dividido e o tempo gasto para isso é dividido. Mas queremos fazer isso com as nossas próprias forças, queremos nos livrar dos pecados com nosso próprio entendimento e pela força dos nossos braços, e falhamos. E por que isso acontece? Porque não dividimos essa tarefa com Cristo, logo, tratamo-Lo não como morador que tem parte nos afazeres domésticos, mas como um simples visitante.

Uma casa que recebe um visitante geralmente muda sua rotina, sua organização, e as pessoas que nela habitam também mudam seu comportamento na frente de um visitante. Se você está acostumado a andar só de cueca quando está sozinho em casa,você jamais o faria na ocasião em que recebe uma visita. E quem é que nunca deu uma ajeitada em sua casa ao receber a notícia de que receberia uma visita? Quem é que nunca tentou esconder a bagunça, tentou lavar a pilha de pratos sujos, varrer a poeira para debaixo do tapete? Afinal, pega mal receber alguém em uma casa desorganizada, desarrumada e suja.

A realidade daquela casa não é aquela a qual o visitante tem acesso, ela na verdade continua desorganizada, desarrumada e suja. A bagunça e a sujeira só não estão sob o alcance dos olhos da visita, mas a casa continua suja e desorganizada. Infelizmente, muitas vezes nossas vidas enquanto cristãos tem sido assim, maquiada. Muitas vezes temos escondido a bagunça, temos varrido a poeira para debaixo do tapete, em vez de varrê-la para fora de nossa vida. Tratamos pois, Cristo como um visitante, apresentamos à Ele uma realidade artificial, uma casa que parece limpa, mas não está. Isso acontece quando pregamos uma coisa, mas vivemos outra, quando falamos uma coisa, mas fazemos outra totalmente diferente. É necessário, pois, viver o que se prega, deixar a hipocrisia de lado para tratarmos Cristo de fato como morador de nossas vidas. Ele não quer que você seja um cristão artificial, Ele não quer que você varra sujeira para debaixo do tapete e que esconda a bagunça da sua vida. Se você anda fazendo isso, você tem tratado a Cristo como visitante.
Como a passagem mostra, Cristo quer entrar em nossas vidas e cear conosco. Vejo a ceia, esse jantar, como uma oportunidade de comunhão. Cristo quer ter comunhão conosco, quer conviver conosco. Mas qual convivência é mais forte? A convivência com alguém que mora contigo ou a convivência com alguém que apenas visita a sua casa? Óbvio que você convive mais, conhece mais alguém que mora com você do que alguém que te visita. Muitas vezes não procuramos conhecer a Cristo, não buscamos uma intensa comunhão com Ele: tratamo-Lo não como morador, mas como mero visitante de nossas vidas.

Por fim, gostaria de relembrar que Cristo não entrará em sua vida sem que você permita. Como dito anteriormente, ele não é um ladrão ou um invasor. Nosso Deus não é invasor, não vai arrombar a porta da sua vida para entrar, não atoa Ele nos deu o livre arbítrio. E como não é invasor, Cristo também não o é. Cristo não vai ser um morador em sua vida se você não O tratar como morador. Se você não der a Ele a autonomia e a liberdade de morador em sua casa, Ele não poderá agir enquanto tal. TOC TOC TOC. Ele está à porta, bate e quer entrar. Uma vez do lado de dentro, resta a você decidir: VISITANTE, OU MORADOR?