sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Quando uma vida vale mais que dois mil porcos



Uma grande manada de porcos estava pastando numa colina próxima. Os demônios imploraram a Jesus: "Manda-nos para os porcos, para que entremos neles". Ele lhes deu permissão, e os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos. A manada de cerca de dois mil porcos atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e nele se afogou. Os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos, e o povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram ali o homem que fora possesso da legião de demônios, assentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo.Os que o tinham visto contaram ao povo o que acontecera ao endemoninhado, e falaram também sobre os porcos.
Então o povo começou a suplicar a Jesus que saísse do território deles. Marcos 5:11-17


Uma das características de Cristo que mais me chamam atenção é o modo como Ele quebrava paradigmas, como Ele jogava para o alto os valores, conceitos e idéias da sociedade daquela época e instituía valores e condutas até então totalmente inaceitáveis e inimagináveis.

Sim, Cristo, antes de ser crucificado, crucificou paradigmas: deixava-se ungir por prostitutas, tocava leprosos, falava com mulheres samaritanas, dava atenção às crianças quando elas eram vistas como estorvo, jantava com publicanos e pecadores. Cristo, com o seu modo de agir, implodiu preconceitos e erigiu conceitos. Ensinou a amar os inimigos quando amar apenas os amigos era o convencional; ensinou a oferecer a outra face em vez de revidar uma agressão; ensinou que servir vale mais do que ordenar...

Não posso deixar de falar da fatídica passsagem do homem possesso por espíritos imundos e a manada de porcos. Por algum tempo fiquei pensando sem entender o real motivo pelo qual Jesus permitira que os demônios entrassem nos porcos. Ele poderia ter expulsado os demônios e mandado-os para longe dali. Mas com o consentimento de Cristo, os demônios foram para os porcos, que imediatamente precipitaram-se no abismo.

A passagem mostra que os porqueiros fugiram, e logo voltaram com mais pessoas. Talvez queriam linchar aquele homem que acabara de arruinar o meio pelo qual tiravam seu sustento (ainda que não se alimentassem dos porcos, os porcos possuíam valor e eram considerados como bens, caso contrário aqueles homens não se dedicariam a cuidar daquela manada). Acabaram por apenas expulsar Jesus dali.

Mais uma vez Cristo estava tratando de desconstruir valores e idéias: a libertação daquele homem que há tempos sofria com aquela situação importava mais do que os lucros, do que os bens materiais daqueles porqueiros. Em uma sociedade na qual muitas vezes as coisas são mais valorizadas que as pessoas, que o TER vale mais que o SER, Cristo estava mostrando que o SER vale mais que o TER: Cristo demonstrava ali que uma vida vale mais que dois mil porcos.

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