terça-feira, 28 de junho de 2011

Os racionais frequentadores religiosos de bares



São 18:00, fim do expediente. Vamos para o bar? Afinal, o dia hoje foi estressante. Mereço uma colher de chá. Ou melhor, um canecão de chopp. Lá eu me sinto melhor. Lá eu esqueço da crueldade do mundo, das desilusões da vida, daquela decepção ou daquele problema do qual não sei como me livrar.

Lá eu posso me libertar. Pelo menos enquanto eu ali estiver. O problema é quando o garçom diz para eu pedir a “saídeira” alegando que está na hora de fechar. Penso que daqui a 15 minutos, terei que enfrentar a realidade que me espera lá fora. Logo relembro da crueldade do mundo, das desilusões da vida, daquela decepção amorosa e daquele problema do qual não sei como me livrar.

Ah, o bar. Se ele me traz liberdade, por que volta e meia tenho que nele retornar? Por que minha felicidade está atrelada a ele? Por que preciso de um fim de semana para me sentir livre? Me sinto temporariamente livre, mas se analisar de forma racional, me encontro em uma cadeia rotineira que dá uma falsa sensação de liberdade. Preciso de explicações.

Por mais incrédulo que eu seja, preciso de um refúgio para agüentar. Se não é na religião, que seja nos dogmas racionais da ciência. Só que ritos religiosos não podem me trazer liberdade. O homem de vermelho estava certo quando disse que eles eram o ópio do povo. Mas a racionalidade da ciência também não me torna livre. Afinal, os racionais frequentadores religiosos de bares continuam necessitando de refúgio e de uma forma de escapar.

Quero uma liberdade de verdade, e não ser escravo de uma sensação falsa de escapismo. Não quero ser preso por teorias alienantes, ou por práticas (religiosas ou não) vazias. Preciso da liberdade que acima de tudo traga liberdade de verdade.
E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. É, encontrei a liberdade que eu precisava. Ainda que o mundo continue cruel, ainda que haja desilusões, decepções, ainda que haja problemas dos quais não sei como me livrar. Não preciso escapar dessas coisas, tenho que conviver com elas. Pelo menos agora eu sou livre de verdade. Não preciso mais atrelar minha felicidade à uma mesa de bar. Não preciso buscar explicações na ciência ou me alienar em práticas religiosas que não me conduzem à verdade. Ah, o bar...passo em frente, olho para dentro e vejo tantas pessoas querendo ser livres...

Se pois, o Filho os libertar, verdadeiramente serão livres. João 8:36

domingo, 26 de junho de 2011

O exemplo de João Batista



"Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me." Mateus 19:21



Jesus falava de si mesmo e das coisas de Deus sem fazer demagogia. Dizia a verdade, sem iludir ou falar o que as pessoas queriam ouvir, Ele dizia o que elas precisavam ouvir, sendo isso agradável ou não. Não por um acaso o jovem rico saiu decepcionado quando ouviu da boca de Jesus que deveria largar tudo o que possuía: Cristo não atraía as pessoas pelo que elas queriam escutar, Cristo queria atraí-las falando aquilo que elas precisavam ouvir.

Cristo jamais preocupou-se em agradar os seus ouvintes. Não por um acaso Ele parece ter aprovado o método utilizado por um errante vestido de pele de camelos e que se alimentava de mel e gafanhotos. Afinal, João Batista não fazia propaganda enganosa: não prometia mundos e fundos, não deturpava o Reino de Deus e o principal- o anunciava com sinceridade, não possuindo outro interesse senão o de proclamar o Salvador. João Batista simplesmente falava a verdade, independente dessa verdade ser agradável ou não de ser escutada.

Não posso deixar de pensar como Cristo tem sido anunciado nos dias de hoje. O Evangelho parece ter virado um site de compras coletivas, que é a tendência de marketing utilizada atualmente por empresas que querem atrair novos clientes. Vende-se bênçãos! Vende-se vitórias! Vende-se sucesso! Vende-se espantalho de devorador! Vamos falar apenas o que é atrativo, vamos falar apenas aquilo o que as pessoas querem escutar! O importante é conseguir novos membros, o importante é conseguir novos dizimistas, o importante é falar a parte do Evangelho que elas querem ouvir!

Pra que falar que é necessário que cada um tome a sua cruz para seguir Jesus, se eu posso dizer que o fardo de Cristo é leve? Por que falar em morrer para mim mesmo, se eu posso falar que Cristo veio para que eu tenha vida em abundância? Ora, afinal, tudo isso está na Bíblia...não estou falando mentira nenhuma!
RAÇA DE VÍBORAS! PRODUZI POIS, FRUTOS DIGNOS DE ARREPENDIMENTO!

Pregar apenas a parte agradável do Evangelho é como pregar uma meia verdade. E toda meia verdade pode acabar virando uma mentira inteira. Reduzir Cristo à uma perspectiva apenas para essa vida É OMITIR O PRINCIPAL MOTIVO PELO QUAL ELE VEIO E MORREU POR NÓS: nos dar a vida eterna, ainda que soframos, ainda que a vida terrena seja árdua ou ainda que percamos o mundo inteiro. Cristo pode fazer muito por nós nessa vida, isso é bíblico e é verdade. Mas no momento em que a vida terrena passa a ser o foco, na medida em que o bem estar do indivíduo passa a ser o centro do Evangelho, a mensagem da vida eterna passa a ser secundária, logo esse Evangelho passa a ser deturpado.

Cristo não quer ser anunciado como canal de bênçãos APENAS para essa vida. Cristo quer, acima de tudo, nos dar uma perspectiva de vida eterna. Ainda que coisas dêem errado, ainda que não saiam da forma com que nós planejamos, ainda tenhamos que tropeçar muitas vezes, ainda tenhamos que escutar e fazer coisas que não nos agradam por causa do Evangelho. Que seja feita a Tua vontade, e não a nossa. Que ao falar de Cristo, sejamos como João Batista. Que falemos aquilo o que as pessoas têm que escutar, e não apenas aquilo que é mais atrativo e agradável de ouvir. Ainda que, por conta disso, nos sintamos como uma voz sozinha que clama no deserto.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Visitante ou morador?



"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” Apocalipse 3:20


A imagem é nítida na minha imaginação. Há alguém querendo entrar em uma casa. Existem pois, duas formas de alguém entrar em uma casa: com o consentimento do dono da casa, ou sem a permissão do mesmo; nesse caso, teremos um invasor, como um ladrão por exemplo, naquele, teremos alguém que é convidado a entrar, que entra com o aval do dono da casa.

Considerando que nessa passagem alguém está batendo à porta, e que essa pessoa não está calada (uma vez que existe a possibilidade de alguém que está na casa ouça a sua voz), logo, descartamos a hipótese do ladrão ou do invasor. Se a pessoa descrita nessa situação quisesse invadir esta casa, ela não bateria na porta, muito menos chamaria pelo dono. Ela simplesmente entraria. O que não é o caso.

Excluída a hipótese do ladrão, sobra a hipótese da entrada na casa com o consentimento do dono. Uma pessoa que entra na casa de alguém com seu consentimento, pode entrar e ficar ali de forma temporária, ou pode entrar ali para se estabelecer de forma definitiva. Na primeira, teremos então um visitante; na segunda opção, teremos um novo morador. Logo, podemos concluir que uma pessoa que entra em uma casa com a permissão do dono ou é um visitante ou é um morador.

Existem diferenças claras em relação ao comportamento de um visitante e de um morador. O morador está ali de forma definitiva, o visitante está de forma temporária. Um morador tem acesso a todos os cômodos da residência, o visitante geralmente não. Um morador participa das tarefas domésticas da casa, um visitante não. O morador tem mais liberdade para fazer o que quer dentro de sua casa do que o visitante, já que dificilmente veremos um visitante se deitando no sofá da sala ou abrindo a geladeira de uma casa que não seja a sua.

O que estou querendo dizer com essas coisas? Muitas vezes, deixamos Cristo entrar em nossas vidas, porém o tratamos como mero visitante, não como morador. Muitas vezes não deixamos que Ele visite todos os cômodos de nossa casa, não deixamos que Ele atue em todas áreas de nossas vidas: “Olha Jesus, da minha vida espiritual, da minha família, e do meu trabalho Você cuida, mas dos meus relacionamentos? Dos meus relacionamentos cuido eu, eu que sei o que é melhor para mim nessa área!” Infelizmente muitas vezes Cristo está em nossas vidas, mas não damos à Ele acesso à todas as áreas em que Ele quer e pode atuar. Infelizmente muitas vezes tratamos Cristo como visitante.

Um visitante dificilmente participa das tarefas domésticas da casa. Quem é que deixa uma visita lavar o banheiro, lavar a louça suja ou varrer o chão? O visitante não participa dos afazeres domésticos. Muitas vezes agimos assim em nossa caminhada cristã. Queremos organizar as nossas vidas, limpar as nossas impurezas e corrigir os nossos defeitos sem deixar que Cristo nos ajude nessa tarefa. Muitas vezes esquecemos que é mais fácil arrumar a casa contando com a ajuda de alguém do que sozinho, afinal, as tarefas são divididas, o esforço é dividido e o tempo gasto para isso é dividido. Mas queremos fazer isso com as nossas próprias forças, queremos nos livrar dos pecados com nosso próprio entendimento e pela força dos nossos braços, e falhamos. E por que isso acontece? Porque não dividimos essa tarefa com Cristo, logo, tratamo-Lo não como morador que tem parte nos afazeres domésticos, mas como um simples visitante.

Uma casa que recebe um visitante geralmente muda sua rotina, sua organização, e as pessoas que nela habitam também mudam seu comportamento na frente de um visitante. Se você está acostumado a andar só de cueca quando está sozinho em casa,você jamais o faria na ocasião em que recebe uma visita. E quem é que nunca deu uma ajeitada em sua casa ao receber a notícia de que receberia uma visita? Quem é que nunca tentou esconder a bagunça, tentou lavar a pilha de pratos sujos, varrer a poeira para debaixo do tapete? Afinal, pega mal receber alguém em uma casa desorganizada, desarrumada e suja.

A realidade daquela casa não é aquela a qual o visitante tem acesso, ela na verdade continua desorganizada, desarrumada e suja. A bagunça e a sujeira só não estão sob o alcance dos olhos da visita, mas a casa continua suja e desorganizada. Infelizmente, muitas vezes nossas vidas enquanto cristãos tem sido assim, maquiada. Muitas vezes temos escondido a bagunça, temos varrido a poeira para debaixo do tapete, em vez de varrê-la para fora de nossa vida. Tratamos pois, Cristo como um visitante, apresentamos à Ele uma realidade artificial, uma casa que parece limpa, mas não está. Isso acontece quando pregamos uma coisa, mas vivemos outra, quando falamos uma coisa, mas fazemos outra totalmente diferente. É necessário, pois, viver o que se prega, deixar a hipocrisia de lado para tratarmos Cristo de fato como morador de nossas vidas. Ele não quer que você seja um cristão artificial, Ele não quer que você varra sujeira para debaixo do tapete e que esconda a bagunça da sua vida. Se você anda fazendo isso, você tem tratado a Cristo como visitante.
Como a passagem mostra, Cristo quer entrar em nossas vidas e cear conosco. Vejo a ceia, esse jantar, como uma oportunidade de comunhão. Cristo quer ter comunhão conosco, quer conviver conosco. Mas qual convivência é mais forte? A convivência com alguém que mora contigo ou a convivência com alguém que apenas visita a sua casa? Óbvio que você convive mais, conhece mais alguém que mora com você do que alguém que te visita. Muitas vezes não procuramos conhecer a Cristo, não buscamos uma intensa comunhão com Ele: tratamo-Lo não como morador, mas como mero visitante de nossas vidas.

Por fim, gostaria de relembrar que Cristo não entrará em sua vida sem que você permita. Como dito anteriormente, ele não é um ladrão ou um invasor. Nosso Deus não é invasor, não vai arrombar a porta da sua vida para entrar, não atoa Ele nos deu o livre arbítrio. E como não é invasor, Cristo também não o é. Cristo não vai ser um morador em sua vida se você não O tratar como morador. Se você não der a Ele a autonomia e a liberdade de morador em sua casa, Ele não poderá agir enquanto tal. TOC TOC TOC. Ele está à porta, bate e quer entrar. Uma vez do lado de dentro, resta a você decidir: VISITANTE, OU MORADOR?