segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quando o amor esfria






Isso não é problema meu. Isso é problema do Estado, do governo, dos políticos. Já pago meus impostos, até dou dízimo para a igreja realizar trabalho social. Faço minha parte. Não tenho nada a ver com isso.

Que culpa tenho eu se tem gente passando fome, necessidade? Tem gente sem teto para morar, eu sei. Tem gente que não tem roupa para vestir. Mas eu já fiz minha parte. Aliás, o que eu posso fazer? Não sou ONG, não sou político. Está escrito bolsa-família na minha testa?

Aliás, eu até oro por essas pessoas. Está aí minha contribuição. Olha, eu sei que na igreja primitiva as pessoas repartiam seus bens, de modo a minimizar a necessidade dos desprovidos. Mas aquela época era diferente, né? São épocas diferentes.

Eu também sei que Jesus, antes de qualquer coisa, procurava satisfazer as necessidades das pessoas com as quais encontrava. Transformou água em vinho, alimentou multidões, curou enfermos. Mas Jesus é Jesus, né? Quem sou eu para transformar a vida dos que me cercam? Cristo fazia isso porque ele é Deus. Eu jamais conseguirei fazer a vida de alguém um pouco melhor, como Jesus sempre fazia.

O que eu estou querendo dizer é que eu não posso fazer nada, você não entende? Agostinho disse: “Aquele que sente fome precisa ser alimentado, e não ensinado”. Até parece. É por isso que tem tanto vagabundo aí vivendo de favor, sem correr atrás do pão de cada dia, esperando que caia maná do céu, ou que o bolsa família pingue na sua conta-salário.

Caminhando pelas ruas, vejo pessoas enroladas em trapos descansando debaixo de marquises. Eu acabei me acostumando com isso. Vejo isso todo dia, Isso é normal, né? Toda vez que saio de casa vejo isso. Isso faz parte do mundo. Não era para ser assim, mas infelizmente é. Culpa de Adão e Eva! Aliás, já diria o Apóstolo Paulo: “Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, nós somos os mais infelizes de todos os homens”. Essa vida é cruel, é má mesmo. Não posso fazer muita coisa por essas pessoas aqui. Resta-me torcer para que eles encontrem a Cristo e tenham esperança de uma vida eterna.

Você me pergunta se sou cristão? Claro que sou, como eu disse até dízimo eu dou! Dou oferta, vou à igreja todo domingo! Tenho até um "peixinho" colado atrás do meu carro! Sou uma pessoa muito boa: até dei umas roupas velhas, rasgadas e que não prestavam mais pra uso à um pedinte que tocou a campainha lá de casa.

Me sinto confortável, pois eu tenho feito aquilo que dá para eu fazer. Não posso fazer mais nada! C.S. Lewis estava delirando quando disse “se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo”. Pois eu aconselho a todos o cristianismo: Deus me deu carro do ano, me deu um sítio, os meus celeiros estão fartos, minha vida vai muito bem, obrigado. Aliás, obrigado Jesus. Obrigado por fazer da MINHA vida muito melhor.


“E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.”- palavras de Jesus, em Mateus 24:12


INIQUIDADE = GRAVE INJUSTIÇA : leio como desigualdade

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